Gouveia, cidade do distrito da Guarda, terra de Abel Manta, pintor português do séc. XX, cuja obra reflecte uma peculiar e discreta influência pós impressionista, situada na encosta ocidental do maior sistema montanhoso de Portugal Continental, a Serra da Estrela, a cerca de 700 metros de altitude e possuidora de vasto e valioso património edificado, oferecendo também um magnífico património natural proporcionou aos 88 participantes, no passado fim-de-semana de 28 e 29 de Setembro, dois dias diferentes, com o reencontro da família bancária sob o mote da influência dos riscos psicossociais no seu dia-a-dia e com a descoberta da tradição cultural e gastronómica da região.
Helena Carvalheiro, presidente do Sindicato dos Bancários do Centro, referiu, na abertura deste IV Encontro, o primeiro realizado no distrito da Guarda, que vivemos tempos de transformações profundas que condicionam grande parte das profissões, com particular ênfase nos trabalhadores bancários, salientando o facto de ser uma profissão tão exigente que é necessário aprender a lidar com ela racionalmente para preservar o equilíbrio físico e psíquico no trabalho e na família, convidando todos os presentes a aproveitar da melhor forma a faceta lúdica que este evento comporta, que alia história, cultura e natureza.
O programa do primeiro dia previa uma palestra subordinada ao tema "Riscos psicossociais na banca", na qual Mário Rui Mota, Coordenador dos Representantes dos Trabalhadores para a Segurança e Saúde no Trabalho do Montepio, Doutorando em Ergonomia, investigação em riscos psicossociais e Isabel Barros, subgerente e membro dos R.T.S.S.T. no Montepio, tiveram, numa apresentação dinâmica e simples, porém assertiva, a oportunidade de dar a conhecer o seu trabalho nesta área e os resultados obtidos até agora, (que pode consultar AQUI), enaltecendo o contributo do SBC para a sua prossecução e desmistificando alguns dos mais relevantes factores descritos pelos trabalhadores bancários como mais impactantes no desempenho das suas funções, tal como o stress e o burnout, o ritmo de trabalho ou as exigências cognitivas, convidando os participantes a uma profunda, mas importante reflexão sobre um tema que a todos afecta, homens e mulheres, e que pode, de modo diferente, por certo, influenciar a sua vida.
Seguiu-se um momento de descontracção, partilha e reencontros, marcado por uma prova gastronómica de produtos endógenos e tradicionais desta região que teve lugar na bonita Vila Nova de Tázem, conhecida sobretudo pelos vinhos equilibrados e macios da região do Dão, com vários prémios internacionais recebidos nos últimos anos, mas também palco da muito popular feira gastronómica da alambicada.
A alambicada é um prato tradicionalmente confeccionado com carne de borrego e vinho branco, preparada em panela de ferro, cozinhada no fogo lento em fogueira a lenha. O seu nome advém do facto de ser confeccionado à pressão tal como a aguardente em alambique. Os ingredientes, colocados na panela de ferro tapada com um alguidar de alumínio, são vedados com uma massa à base de centeio para evitar a evaporação, no qual é colocada água que regula a temperatura da cozedura. À medida que a água vai evaporando, é acrescentada mais água, funcionando, assim, de modo semelhante ao alambique. Depois de pronta, “ensopa-se” com pão de mistura e serve-se acompanhada com batatas cozidas com pele. O processo de confecção da Alambicada confere-lhe um sabor distinto e requintado, constituindo-se como um segredo bem guardado de autenticidade gastronómica. Sendo, por muitos dos participantes, desconhecida, foi, deste modo, uma oportunidade única de provar e reforçar a comunhão com as tradições e cultura popular de Portugal.
O segundo dia despertou solarengo, convidando todos para uma animada caminhada por Gouveia, visitando locais como os Paços do Concelho, imóvel do século XVIII, destinado aos padres jesuítas para aí ensinarem latim e moral e que pertenceu às nobiliárquicas famílias dos Távoras e dos Figueiredos, tal como documentam os brasões sobre as duas portas laterais com as armas nacionais da época joanina, o Espaço Arte e Memória, situado no antigo refeitório do Convento dos Jesuítas, espaço de preservação e divulgação da História e Cultura de Gouveia, o Museu da Miniatura Automóvel, que pretende mostrar e divulgar as melhores colecções de miniaturas existentes no país, contando com cerca de 4 mil miniaturas em exposição enriquecidas com algumas contribuições de colecções particulares, a Capela do Senhor do Calvário, em tempos conhecida como “Monte Ajax”, local sagrado e de muito apreço pelos gouveenses, a Igreja de S. Pedro, de estilo barroco e cantaria de granito, de frontaria composta por dois corpos sobrepostos e revestida a azulejos nos anos 40 /50 ou o Solar dos condes de Vinhó e Almedina, onde funciona o Museu Municipal de Arte Moderna Abel Manta e se encontra parte do espólio deste pintor natural de Gouveia num percurso onde a nossa fantástica guia Liliana, nos dava a conhecer um pouco mais da história e das curiosidades desta bonita cidade e das suas ilustres figuras.
No discurso de encerramento o Director do SBC, Nuno Carvalho, agradecendo a todas as entidades, públicas e privadas, que contribuíram para o sucesso desta iniciativa, recuperou o propósito e a importância de promover a união dos bancários e o preponderante papel dos mais jovens para o conseguir, afirmando que o encontro anual de jovens bancários será para manter, com temas que façam sentido para todos os bancários, convidando todos a trazerem mais um colega na próxima edição.
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