O setor da banca é dos que mais se adapta e transforma em função da realidade. Não obstante a situação pandémica que vivemos e as suas consequências, mantém lucros e uma imagem de solidez e credibilidade.

Com a pandemia, os novos canais de comunicação tornaram o setor mais complexo, impondo a rápida implementação de processos menos burocráticos e incrementando a aposta no digital.

O teletrabalho impôs-se, mostrou as suas virtualidades… e veio para ficar. Além de outras vantagens, permite aproveitar o capital humano, formando-o em novas funções e enquadrando os trabalhadores – que continuam a ser necessários.

A banca sempre sofreu de uma doença crónica: o recurso ao trabalho suplementar não remunerado, abusando da atribuição de isenções de horário de trabalho – uma prova irrefutável da insuficiência de trabalhadores para a quantidade de tarefas existentes.

Os factos enunciados comprovam a ausência de fundamentos da Banca para, com a desculpa da pandemia, querer reduzir de forma maciça os seus quadros de pessoal.

Além disso há, como sempre houve, trabalhadores que querem deixar o setor, seja devido à idade, ou por terem outros projetos de vida. São bancários que, face a uma proposta interessante, poderão abrir vagas para a renovação de quadros.

Por outro lado, a Banca tem centenas de trabalhadores em regimes de outsourcing, trabalho temporário e contratos a termo, o que por si só prova a necessidade de mão de obra no setor.

É este tipo de soluções que defendemos e que nos levou, nos últimos meses, a contestar o processo implementado pelo Banco Santander Totta (BST) para redimensionamento do seu quadro de pessoal.

Os Sindicatos bancários da UGT deixaram claro que não admitem – no BST, ou em qualquer outro banco – que os trabalhadores sejam alvo de qualquer tipo de pressão ou ameaça e, nomeadamente, intimidados com anúncios velados de que, se não aceitarem a rescisão por mútuo acordo (RMA) poderão ser despedidos, ao abrigo da extinção do posto de trabalho, ou através de um despedimento coletivo.

Situações graves têm sido relatadas, nomeadamente quando os trabalhadores recusam a proposta de RMA apresentada, entre as quais se destacam:

  • Teletrabalho, sem meios nem tarefas para executar;
  • Bancários que exerciam as funções de caixa nos balcões, dispensados e relegados para o BackOffice, sem tarefas atribuídas, com desativação do telemóvel do banco e proibidos de contactar clientes;
  • Sobrecarga anormal de trabalho para os que ficaram a assegurar as funções dos que vão para casa.

Por tudo isto, os Sindicatos dos Bancários, em articulação com a nossa Central sindical UGT, já se reuniram com a Ministra do Trabalho e com a Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) e estão em curso reuniões com todos os grupos parlamentares.

Outros contactos se seguirão, pois os Sindicatos da UGT tudo farão para preservar os postos de trabalho dos que querem continuar a trabalhar – e há muito trabalho a realizar na Banca, mas com direitos e sem pressões de objetivos intangíveis.

Os sindicatos dos bancários da UGT não adotam posturas irresponsáveis, nem fecham as portas a soluções que defendam os trabalhadores do setor, pois mantêm a disponibilidade de sempre para o diálogo e a negociação com os Bancos, de forma séria e empenhada, sem recurso a populismos estéreis e à demagogia geradora de falsas expetativas.

Sempre assim foi. E assim continuará a ser.

Aceda AQUI à versão integral da Resolução do Secretariado Nacional da UGT de 28 de Maio de 2021.