O papel dos jovens no movimento sindical foi o mote para uma animada e participada conferência, no âmbito do 2º Encontro de Jovens Bancários do SBC, moderada por João Nazário, jornalista e diretor do Jornal de Leiria e que teve  António Sota Martins, professor e vice-presidente do Sindicato Democrático dos Professores da Grande Lisboa, Amílcar Coelho, presidente e secretário executivo da UGT Leiria e Carlos Moreira, presidente da Comissão de Juventude da UGT como convidados e que decorreu no auditório do Teatro-Cine de Pombal no passado dia 7.

Temas como o afastamento entre os jovens e os sindicatos, o seu contributo para a sociedade ou como cativar os jovens para a vida sindical foram alvo de reflexão pelos oradores, tendo Amílcar Coelho começado por abordar o desafio do que é ser jovem e do seu papel na sociedade moderna, considerando que o sindicalismo atual não estará ainda desperto para a forma como hoje os jovens entendem viver em sociedade, denotando ainda alguma falta de criatividade para conseguir cativar jovens que mais do que participar na sociedade, participam em projetos que deem frutos, concluindo existirem alguns riscos ao chamar jovens para o movimento sindical, mas que valem a pena ser corridos.

Já António Sota Martins entende que a ausência dos jovens nos sindicatos também pode ser explicada pela sua ausência no mercado de trabalho, contudo vê existir muita dificuldade em captar novos sócios para as atividades que os sindicatos desenvolvem para além da proteção.  Ao referir que as pessoas tendem a aderir aos sindicatos apenas por necessidade individual e não por um fator ideológico, remete para a necessidade de se criar espaço para acolher novas ideias e vozes discordantes, uma vez que a forma dos jovens se envolverem nas organizações e na política é muito diferente da população em geral e também porque as organizações estão a mudar rapidamente a sua relação com os trabalhadores.

Por seu turno, Carlos Moreira, apelando à sua experiência como jovem dirigente sindical vê o afastamento dos jovens dos sindicatos como consequência da sua entrada tardia no mercado de trabalho, no entanto, destacou o sentido de irreverência e o maior nível de informação como forças para a sua intervenção no movimento sindical. Defende que os sindicatos devem promover uma maior proximidade com os sócios, não só para compreender melhor a sua realidade, mas porque estes querem mais presença dos dirigentes sindicais no terreno, querem perceber que o seu sindicato está com eles. O presidente da Comissão de Juventude da UGT lança um desafio para o futuro aos sindicatos, fazer um sindicalismo diferente, falar a linguagem dos jovens, utilizar as redes sociais como agregador e mobilizador de vontades, num movimento que deve começar desde já.

Helena Carvalheiro, presidente da direção do SBC, recordou, ao encerrar a conferência, o quão difícil é ser jovem nos dias de hoje, em todas as suas dimensões, e alertando, uma vez mais, para a necessidade de serem pensados novos caminhos para um sindicalismo interventivo, plural e inclusivo, a que os jovens tenham vontade de aderir, não pelo seu proveito pessoal, mas pelo interesse comum, deixando o repto para que o próximo Encontro de Jovens Bancários do SBC possa já espelhar esta realidade, não só nas ideias em debate, mas também no número de participantes.