A Coimbra Business School (ISCAC) recebeu, no passado dia 31 de maio, o Seminário subordinado ao tema “o impacto da transformação digital na qualidade da liderança”.
Organizada pela UGT Coimbra e pela Ala de Quadros da UGT, a iniciativa, realizada em formato híbrido, presencial e videoconferência, aberta a todas as pessoas, propunha aos palestrantes apresentar uma visão objetiva sobre os desafios que a transformação digital vai impor à sociedade e as consequências dessa revolução, quer numa perspetiva académica, quer numa perspetiva mais prática, de quem está no mercado de trabalho.
A transformação digital, refere Jacinto dos Santos, presidente da UGT-Coimbra, na sessão de boas-vindas, é algo que hoje é indissociável das nossas vidas e que está agora a decorrer a grande velocidade, depois de quebrada a resistência inicial de todos os agentes envolvidos.
A sessão iniciou com a intervenção do Prof. Doutor Alexandre Silva, presidente da Coimbra Business School (ISCAC), que destacou a atualidade do tema e a forma intensa como ele se repercute na vida profissional de cada um e na necessidade de termos líderes preparados para este desafio. Opinião partilhada por Mário Mourão, secretário-geral da UGT, que enaltece a iniciativa, num momento em que se materializam grandes transformações, nesta era digital, com impacto nas formas de gestão e com mudanças abruptas e disruptivas. O contexto, refere, acelerou a necessidade da alfabetização digital, sobretudo nas empresas tradicionais. Importa, pois, requalificar estas pessoas, para que possam enfrentar os desafios profissionais do futuro, fator determinante nesta equação.
Também as lideranças necessitarão de novas respostas, de novas formas de trabalho, de novos modelos lógicos de desenvolvimento, mas também de trabalhadores fortemente capacitados ao nível tecnológico. E aqui reside, afirma Mário Mourão, o grande desafio.
Numa perspetiva académica, a Prof.ª Isabel Pedrosa, coordenadora do mestrado de SIG da Coimbra Business School (ISCAC), traduziu a visão de como tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial, afeta, já hoje a dinâmica laboral, com elevado risco de automação de um elevado número de profissões e o consequente desemprego que daí poderá advir e a necessidade de uma readaptação das pessoas, pela mudança do tipo de profissionais que o mercado hoje necessita.
Por seu turno, o Prof. Wander Carvalho, coordenador do mestrado de GRH da Coimbra Business School (ISCAC) veio salientar a necessidade das organizações planearem meticulosamente a sua estratégia de recursos humanos, no sentido de conseguirem, a cada momento, ter resposta para as suas necessidades de trabalhadores, nos mais diversos setores e como os líderes hoje, acima de qualquer outra competência, devem ser gestores de comportamentos. A liderança é, nos tempos modernos, desafiante e obriga o líder a reforçar os seus soft skills, a adaptar-se neste mundo em rápida mudança, reforça.
Seguiu-se um painel, contando com a moderação de Carlos Moreira, Diretor de Recursos Humanos da Câmara Municipal de Loures, que teve como oradores Joaquim Messias, do Sindicato dos Professores da Zona Centro, Nuno Carvalho do Sindicato dos Bancários do Centro, Victor Santos do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, Rui Vicente Martins, do Sindicato dos Oficiais de Justiça e Daniel Matos, diretor do Mais Sindicato e secretário-executivo da UGT, onde, de modo multidiverso, se proporcionou uma visão de como cada uma das profissões representadas por estes sindicatos poderá ser afetada pela digitalização e a sua perspetiva futura, numa dinâmica profissional a partir de uma visão sindical e das necessidades que se anteveem, em que o modelo que todos conhecemos de contacto direto e pessoal se está a transformar, em função do teletrabalho, e de novas formas de comunicação.
Elizabeth Barreiros, presidente da Ala de Quadros da UGT resumiu, na sessão de encerramento deste seminário, este debate como um problema para o qual poucos estão, ainda, sensibilizados, mesmo a nível sindical, já que até estas organizações vêm sentindo esta necessidade de adaptação à transformação digital. São, refere, diferentes categorias de trabalhadores, é certo, com os mesmos problemas, mas com abordagens distintas.
Entender o papel dos sindicatos neste novo contexto de transformação digital será, pois, essencial para manter a continuidade destas instituições e, consequentemente, o garante do bem-estar dos trabalhadores e da dinâmica social e este papel tem, necessariamente, de passar as fronteiras. Só se aceitarmos esta realidade poderemos construir algo forte e sólido a nível sindical, defende, concluindo que esta transição digital terá de ser feita para e com as pessoas, sob pena de tudo poder ser posto em causa, inclusivamente a nível politico-sindical.
O seminário foi encerrado por Lucinda Dâmaso, presidente da UGT, que enalteceu a oportunidade da sua realização e a importância do fomento deste tipo de debate, importante para a consolidação de uma visão sindical de futuro.