Em poucas semanas, por causa de um vírus desconhecido, a Humanidade transformou-se mais do que em muitas décadas.
De um momento para o outro, sobre o Mundo abateu-se um tsunami invisível, mas letal.
Fez ruir muitas certezas, abalou muitos dogmas, pôs em causa conceitos e preconceitos.
Num curtíssimo período, e a nível planetário, transformaram-se hábitos seculares, mudaram-se rotinas, alteraram-se prioridades.
Em suma, surgiu uma inesperada realidade a conseguir superar as mais inventivas ficções.
Mas neste mundo novo, feito de medidas securitárias e de medos, de afastamentos e de angústias, emerge algo de imutável relevância, cujo valor é agora ainda mais evidente e mais reconhecido: o trabalho.
É graças ao trabalho de muitos, nos mais variados sectores, que se está a combater esta assustadora pandemia e a conseguir-se atenuar as suas consequências.
Daí que a celebração do Dia do Trabalhador, mesmo com todas as limitações, tenha este ano um simbolismo muito especial.
Durante quase meio século de Ditadura em Portugal (entre 1926 e 1974), mesmo com a repressão, as violentas cargas policiais, os despedimentos, o Primeiro de Maio foi sempre assinalado – fosse com manifestações, com inscrições nas paredes, com comunicados clandestinos.
Essa ousadia, essa coragem na defesa dos direitos dos trabalhadores, levaram a que muitos dirigentes e militantes sindicais tivessem sido atirados para as prisões do regime ditatorial e profundamente prejudicados nos seus percursos profissionais. Entre eles muitos colegas nossos, do sector bancário, que sempre se destacou como um dos mais combativos e reivindicativos.
Honrando a memória dos que sacrificaram as suas carreiras e até as suas vidas na defesa de melhores condições de trabalho, reiteramos hoje o compromisso de prosseguirmos essa luta na defesa dos que laboram no nosso sector.
Não deixaremos que este período difícil seja aproveitado para retirar direitos aos trabalhadores, antes nos bateremos para que lhes sejam proporcionadas condições para enfrentarem os novos desafios.
Queremos endereçar uma saudação especial aos que estão na linha da frente, designadamente os profissionais dos sectores da Saúde e Assistência, das Forças de Segurança, mas também os trabalhadores da Banca, essenciais para que a economia não pare e o País avance.
Estamos solidários com os nossos Colegas já atingidos pela pandemia e com as suas Famílias e fazemos votos de que todos recuperem rapidamente e sem sequelas.
A nossa solidariedade vai também para os mais velhos, os mais vulneráveis, a quem esta crise tanto tem afectado.
A todos queremos deixar esta mensagem de conforto e de esperança, na firme convicção de que, com o esforço de todos, unidos pelos objectivos comuns, vamos vencer!
Helena Carvalheiro
Presidente da Direção