Dr. Henrique Sousa

No passado dia 11 de junho realizou-se no ISCAC – Coimbra Business School o seminário “Desafios sindicais e laborais no século XXI”, promovido pela UGT Coimbra e UGT Aveiro e onde o SBC - Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Banca, Seguros e Tecnologias esteve representado pela sua presidente, Helena Carvalheiro, por vários diretores e elementos das estruturas regionais. O encontro reuniu especialistas em sociologia do trabalho, investigadores e dirigentes sindicais, com o objetivo de refletir sobre o papel do sindicalismo num tempo de rápidas transformações no mundo laboral.

A sessão de abertura contou com as intervenções do Professor Doutor Alexandre Silva, presidente do ISCAC, e de Jacinto dos Santos, presidente da UGT Coimbra.

Seguiu-se a comunicação do investigador Henrique Sousa, que abordou “Um sindicalismo para tempos de mudança: representação, representatividade e eficácia da ação coletiva”. Defendeu que é essencial os sindicatos realizarem uma reflexão crítica sobre o seu próprio percurso, não apenas sobre o sindicalismo que existe, mas sobretudo sobre o que é necessário construir. Chamou a atenção para a necessidade de reconhecer as falhas e agir com responsabilidade para transformar o modelo sindical atual, que pouco evoluiu desde os anos 70. Sublinhou a importância de alargar a representatividade a novos perfis de trabalhadores, como os precários, migrantes ou trabalhadores de plataformas digitais, e alertou para os desafios colocados à negociação coletiva, nomeadamente no contexto da chamada armadilha salarial e das distorções no cálculo da inflação. Destacou ainda a importância de pensar o sindicalismo de forma tecnicamente preparada e com pensamento próprio, capaz de influenciar políticas públicas.

Fernando Miguel Pereira, Dr. Henrique Sousa, Dra. Dora Fonseca, Prof. Dr. Hermes Costa

A segunda intervenção foi da investigadora Dora Fonseca, que refletiu sobre os desafios ao sindicalismo e as perspetivas de renovação, com especial atenção ao afastamento dos jovens das organizações sindicais. Referiu que os jovens estão hoje mais voltados para si mesmos e menos recetivos a mensagens de natureza coletiva, muitas vezes por puro desconhecimento do que são os sindicatos e do papel que desempenham. Defendeu a importância de encontrar formas de comunicação mais apelativas, sem desvirtuar a mensagem sindical, e citou o exemplo da Suécia como um bom modelo de envolvimento dos estudantes no universo sindical desde cedo.

Seguiu-se a intervenção do Professor Doutor Hermes Costa, especialista em sociologia do trabalho, que analisou a plataformização do trabalho em Portugal, alertando para a necessidade de os sindicatos se sincronizarem com causas relevantes para os jovens e para a sociedade em geral. Defendeu que o discurso sindical deve ser mais leve e acessível, sem perder profundidade, e que os sindicatos têm um papel essencial na capacitação digital dos trabalhadores, uma vez que cerca de metade da população ativa apresenta competências digitais básicas. Sublinhou ainda que o sindicalismo tem muito a ganhar se souber criar alianças dentro e fora do campo tradicional, respondendo de forma inovadora e eficaz aos desafios contemporâneos.

O debate final, moderado por Fernando Miguel Pereira, diretor do SBC, permitiu recolher boas práticas e várias ideias que podem servir de base para que os sindicatos se aproximem das novas gerações de trabalhadores. A sessão de encerramento esteve a cargo de Eduardo Conde, presidente da UGT Aveiro, e de Soraia Duarte, secretária-geral adjunta da UGT, que reforçaram a importância deste tipo de encontros como espaço de partilha, renovação de ideias e preparação para um sindicalismo mais ágil, moderno e próximo dos desafios do nosso tempo.