Com uma adesão que ultrapassou a centena de participantes, decorreu nos passados dias 5 e 6 de outubro o III Encontro de Jovens Bancários, em Canas de Senhorim.
Esta vila, freguesia do concelho de Nelas, no coração da Beira Alta, na região Dão Lafões, é conhecida pelas minas de urânio, mas sobretudo pela sua beleza natural que continua a deslumbrar quem visita a região. As ruas mantêm o seu aspeto rural, de típicas casas beirãs, repletas de histórias e tradição.
É aqui que encontramos o Hotel Urgeiriça, histórica unidade hoteleira da região, com a sua decoração tipicamente inglesa, onde a ligação com a natureza transmite uma serenidade e uma tranquilidade que transporta os hóspedes para um cenário de sonho e que nos recebeu este ano.
Helena Carvalheiro, presidente do SBC, deu as boas vindas aos participantes, enaltecendo a forte adesão a esta importante iniciativa que o sindicato muito acarinha e que possibilita a reflexão conjunta de temas que preocupam os trabalhadores bancários no seu dia-a-dia. O tema escolhido pelo Sindicato dos Bancários do Centro para esta edição, o assédio no local de trabalho, reveste-se de particular importância porquanto afeta 1 em cada 6 trabalhadores portugueses e, também, porque reflecte uma das maiores preocupações dos trabalhadores bancários e que, sendo um flagelo transversal a todos os sectores e idades faz parte da nossa realidade, lembra a presidente.
O programa social que, anualmente é desenhado para os encontros de jovens bancários, privilegia a família, o reencontro de amigos, a partilha de diferentes experiências e realidades e a descoberta dos segredos da região que os acolhe.
Neste contexto, fomos brindados ao almoço com um dos ex-libris gastronómicos da região, a vitela assada à Lafões, durante o qual pudemos sentir a vontade e o gosto das gentes das beiras em receber bem os visitantes, seguindo-se a visita a uma queijaria da região, produtora do sobejamente conhecido e muito apreciado queijo da serra DOP, a Quinta da Lagoa, onde ficámos a conhecer o processo de produção deste queijo feito a partir do leite de ovelha da raça Serra da Estrela, assim como as características que definem um bom queijo, como a casca, a cor ou o aroma, que fazem dele um dos mais procurados pelos portugueses.
Aprendemos a distinguir os seus elementos identificadores, as melhores práticas para a sua manutenção e conservação e a sua ligação com outros sabores.
Regressados ao Hotel, foi tempo de assistir à conferência “Assédio no local de trabalho” cujos oradores, Dr. Messias de Carvalho, reconhecido advogado, especialista em Direito do trabalho, Dra. Maria da Luz Cachapa, hipnoterapeuta e psicoterapeuta na área cognitiva e comportamental e Fernando Farreca, representante dos trabalhadores em segurança e saúde no trabalho no Montepio Geral, moderados pela jornalista Patricia Lucas, onde nos foram apresentadas diferentes visões sobre um mesmo problema.
Enquanto Fernando Farreca apresenta uma panorâmica do sector bancário, em que identifica a falta de união como principal trigger para o assédio, afirmando que o individualismo mata hoje o trabalhador bancário, uma vez que a banca incentiva o “eu” em detrimento do “nós”, muito por culpa, refere, dos próprios trabalhadores bancários, que deixaram o tema evoluir até este ponto, Maria da Luz Cachapa, por seu turno, apresentou-nos o assédio, nas suas várias dimensões e as suas consequências na vida pessoal e familiar, ajudando-nos a identificar as características dos vários tipos de agressor. Já Messias de Carvalho aborda o tema numa perspectiva jurídica, destacando a importância do papel dos Delegados Sindicais, pelo testemunho que podem trazer e pela voz que podem ter e, também, da recolha de provas, seja documentais, testemunhas, etc.
Convidada a encerrar a conferência Helena Carvalheiro, presidente do SBC, refere haver legislação nesta matéria que obriga à existência de um código de conduta nas instituições, mas muita discrepância entre os casos que se verificam e os que chegam a ser julgados, lembrando que cerca de 16,5% da população activa em Portugal é afectada pelo assédio no local de trabalho. Apesar de reconhecer que o sector bancário não vive dias fáceis nesta matéria, tem a percepção que os trabalhadores bancários estarão mais atentos e despertos, o que pode fazer com que, a prazo, este cenário mude.
Numa das mais antigas e tradicionais feiras medievais realizadas em Portugal e que vai já na sua 26ª edição, partilhando a paixão dos habitantes pela vila de Canas de Senhorim e construindo uma história feita de muitas histórias, fomos surpreendidos ao longo de todo o jantar pela arte performativa de muitos artistas e pela interpretação de peças da época pelo Grupo Coral Canto e Encanto, com a mestria e saber de quem já o faz há muito tempo, para complemento de uma refeição que se queria demorada e para a qual a organização desafiou os participantes a trajar a rigor, o que muitos aceitaram, proporcionando o convívio e a confraternização entre todos.
Antes de regressar ao hotel houve ainda tempo para fazer uma viagem medieval por entre tasquinhas e barracas de artesanato, bancas de comida e bebidas, por estreitas ruas repletas de comensais e visitantes, que enchiam a vila de luz, som e cor.
O segundo dia trouxe aos participantes uma prova de coordenação de esforços e trabalho em equipa, numa aula de zumba e de dança, em que os movimentos certos nos momentos certos remeteram para a compreensão de que o esforço de cada um contribuiu verdadeiramente para o resultado do seu colega e que o individualismo que hoje é apanágio na banca só fará os bancários perder o que os une, fazendo cada uma “dançar” para seu lado.
Eduarda Soares (BCP Coimbra) refere que se nota a vontade do Sindicato em proporcionar eventos cada vez mais enfocados no que verdadeiramente preocupa os bancários, ao qual só terá, em sua opinião, faltado uma caminhada, e que a organização está de parabéns pelo modelo que encontrou, no que é secundada por Pedro Ribeiro (CCAM Penela) que diz ter ficado agradavelmente surpreendido com o programa e as actividades realizadas. Por seu turno, Cristina Marques (MG Viseu) destaca, sobretudo, o tema escolhido para a conferência e os oradores convidados, que considera muito bons e que sabiam do que falavam e também o convívio, razão pela qual as pessoas vêm ano após ano, refere, o que nos motiva e dá alento para que no próximo ano consigamos estar ainda mais perto dos associados nos temas que os preocupam e com um programa que os consiga surpreender, uma vez mais.
Sónia Pinto, directora do SBC, na sua mensagem de encerramento, após um almoço de despedida, fez notar que o futuro do sindicato é feito de trabalhadores como os presentes, sendo eles são a nossa razão de ser e para quem estes eventos são organizados, lançando o repto aos participantes que este ano estiveram connosco trazerem um colega em 2019.
O sucesso que esta iniciativa tem revelado, com um crescente número de participantes e o interesse que desperta junto dos Jovens Bancários, dão-nos a força e o ânimo para começarmos já a idealizar a próxima edição!
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