O ano passado tive oportunidade de assinalar, com o devido relevo, os 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, que pôs termo a quase meio século de um regime ditatorial que oprimiu o povo português e reprimiu quantos ousaram discordar.
Entre eles muitos bancários, alguns presos e torturados, outros prejudicados no percurso profissional, só por defenderem uma sociedade mais justa.
Nunca é demais prestar a devida homenagem a estes nossos Colegas, tal como a tantos outros Homens e Mulheres que lutaram em prol da democracia. E também aos Militares que arriscaram as suas carreiras e as suas vidas nessa madrugada memorável que trouxe ao povo português os direitos, liberdade e garantias que há décadas lhe usurpavam.
Hoje, celebramos os 51 anos desse “dia inicial inteiro e limpo / onde emergimos da noite e do silêncio”, como reza o belo poema de Sophia de Mello Breyner.
Mas devemos celebrar também os 50 anos das primeiras eleições livres realizadas em Portugal, a 25 de abril de 1975. Diversos partidos políticos, da esquerda à direita do espectro ideológico, puderam então surgir e apresentar os seus programas aos cidadãos. E estes responderam, com entusiasmo, acorrendo massivamente às assembleias de voto. Foram as eleições mais concorridas de sempre, com mais de 90% dos eleitores inscritos a escolherem os 250 deputados que integraram a pluralista Assembleia Constituinte.
Por coincidência, estamos neste momento num período de pré-campanha, com vista às inesperadas eleições marcadas para o dia 18 do próximo mês de maio.
Acresce que estamos a viver uma conjuntura política muito complexa e preocupante, em termos nacionais e internacionais, pelo que, mais do que nunca, importa que cada um de nós tenha consciência disso e participe na escolha do rumo que iremos trilhar.
“O voto é a arma do povo!” – eis uma das frases mais repetidas nos revolucionários anos 70. Apesar de todas as mudanças a que fomos assistindo ao longo das últimas décadas, essa afirmação mantém-se atual.
Por isso temos de celebrar o 25 de Abril com consciência plena de que as eleições, mais do que um direito, constituem um dever para connosco, para com a memória dos que se sacrificaram por isso, e ainda para com as novas gerações a quem queremos legar uma vida melhor.
É com esse espírito que vamos assinalar meio século de eleições livres e 51 anos da “Revolução dos Cravos”, cujas conquistas importa defender todos os dias, pois são muitas as ameaças que vão surgindo por parte de quem não partilha os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
Não deixemos que sejam esses a escolher o nosso futuro, o futuro dos nossos filhos, o futuro dos nossos pais!
Manifestemos a nossa vontade, honremos a Democracia e a Liberdade!
Viva o 25 de Abril!
Helena Carvalheiro
Presidente do SBC