Quando passam 50 anos sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974, o SBC presta pública homenagem a quantos contribuíram para que Portugal passasse a viver em Democracia.
É importante referir, às novas gerações, como era o nosso País antes deste feito heroico levado a cabo pelo MFA (Movimento das Forças Armadas), que desde logo conquistou a adesão da generalidade do povo português.

Ao cabo de 48 anos de Ditadura, Portugal era um país isolado e atrasado, onde o regime do Estado Novo se impunha pela repressão exercida por uma omnipresente e impiedosa polícia política (com informadores infiltrados por toda a sociedade), pela ausência de liberdade de expressão, pela censura exercida sobre a imprensa, a rádio e a televisão, mas também sobre o cinema, o teatro, a música, a literatura.

Com uma Guerra Colonial em três frentes (Angola, Moçambique e Guiné), que ao longo de 13 anos sacrificou o futuro de centenas de milhares de jovens, tendo custado a vida a cerca de 10 mil e deixando marcas, físicas ou psicológicas, na maior parte dos que foram obrigados a nela participar.

Com vergonhosas taxas de analfabetismo, de pobreza, de doença e de mortalidade. Com uma classe trabalhadora explorada e oprimida. Com uma chocante subalternização da mulher, impedida até de aceder a diversas profissões.

Foi contra este regime que se insurgiram muitos militares, pondo em risco as suas vidas e as suas carreiras. Com enorme coragem e eficaz planeamento, em poucas horas assumiram o controlo do País, numa Revolução exemplar, porque executada sem derramamento de sangue.

Claro que houve alguns excessos, alguns desvios das linhas de rumo traçadas, algumas deceções e surpresas desagradáveis, algumas tentativas hegemónicas de tomada do poder.

Mas o bom senso prevaleceu e os princípios democráticos foram sendo estabelecidos e ganhando raízes.

Cinco décadas volvidas, temos uma sociedade muito mais livre, mais justa e solidária. Existe liberdade de expressão nos mais diversos domínios.

Há eleições livres, todos têm direito de voto e é reconhecida a igualdade entre homens e mulheres.

Há liberdade de associação sindical, direito à manifestação e à greve.

Conquistou-se o salário mínimo – que embora ainda esteja longe do desejável, nos últimos anos beneficiou de aumento substancial.

Os trabalhadores têm direito ao gozo de férias, a subsídio de férias e de Natal. E também ao subsídio de desemprego, quando tal situação ocorre.

Apesar das carências que se têm agravado nos anos mais recentes, continua a existir um Serviço Nacional de Saúde a que todos têm acesso, tendo havido uma enorme redução da mortalidade infantil e um substancial aumento da esperança de vida.

Estas algumas das muitas conquistas que devemos festejar nestes 50 anos do 25 de Abril.

Mas importa não baixar os braços!

O SBC está bem consciente de que é necessário um esforço continuado para que a sociedade não regrida, mas antes avance, aperfeiçoando o Estado social, melhorando o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, assegurando o acesso de todos à Justiça.

Nós continuaremos sempre muito empenhados nesse esforço, lutando, todos os dias, para que os trabalhadores tenham condições adequadas, salários dignos e atualizados com critérios justos – e o mesmo suceda com os reformados.

Em suma, queremos cumprir os ideais de uma sociedade democrática, que honre o passado de luta, de que nos orgulhamos, mas trabalhe olhando o futuro, procurando legar um mundo melhor às gerações vindouras.

Cremos ser esta a melhor forma de celebrarmos o 25 de Abril!

Helena Carvalheiro
Presidente do SBC