A BANCA LIDERA O PROCESSO DE DESPEDIMENTOS COLETIVOS DOS MILHÕES GANHOS PELOS ACCIONISTAS AOS TOSTÕES PAGOS AOS TRABALHADORES ALVO DA CRISE
Os trabalhadores do sector bancário encontram-se, na presente data, a atravessar uma profunda e impactante crise, resultante de uma violenta pressão globalizada para a eliminação de postos de trabalho, encontrando-se atualmente em manifesto ataque o direito constitucionalmente consagrado da segurança no emprego.
O sector, nomeadamente alguns bancos, tem levado a cabo “programas de reestruturação”, mediante os quais vêm apresentando a centenas de trabalhadores propostas de rescisão por mútuo acordo (RMA's) ou reformas antecipadas, com especial enfoque para as primeiras, recorrendo em alguns casos a pressões inaceitáveis, que se traduzem em ameaças concretas e diretas de despedimentos individuais com prazo certo anunciado, ao arrepio do que a legislação laboral prevê, criando situações de pânico generalizado nos trabalhadores bancários.
A título de exemplo, os Serviços Jurídicos dos sindicatos bancários filiados na UGT têm mantido diariamente um atendimento de dezenas de associados, fluxo motivado pela torrente de propostas de RMA’s e reformas antecipadas, sendo que a clara opção é pela destruição massiva de postos de trabalho, observando-se a substituição de muitos desses trabalhadores por outros precários, em regime de outsourcing, trabalho temporário, ou com vínculos a termo, pelo que, sendo claro que o sector se encontra necessitado de mão de obra, só se poderá concluir que alguns bancos estão a repercutir nos trabalhadores a sua deficiente gestão, procurando a diminuição de custos e encargos por via da cessação dos contratos de trabalho e consequente cumulação anormal e excessiva de funções nos recém-contratados em condições precárias.
O secretariado nacional da UGT considera essencial salientar, ainda que não existam dados concretos que o comprovem, que os trabalhadores selecionados para as propostas descritas terão com certeza sido escolhidos de forma aleatória, por meio de algoritmo computacional, que identifica aqueles com perda, ou ausência, de produtividade, não existindo sequer uma seleção assente no mérito e no momento pessoal da vida do trabalhador na atualidade.
Isso resulta claro da quantidade impressiva de trabalhadores bancários a quem são propostas cessações dos contratos de trabalho e que, ou se encontram de baixa médica, pela maior variedade de enfermidades que se possa catalogar, ou que têm familiares diretos de primeiro ou segundo grau com doenças graves e incapacitantes, nomeadamente e com maior ênfase as enfermidades oncológicas, degenerativas do sistema nervoso e psiquiátricas, as quais obrigam os bancários a apoiar esses familiares nos termos da lei, sendo que, por esse motivo, ocorrem diminutas perdas de produtividade, mas que claramente são de imediato sinalizadas pelos Bancos, os quais não se inibem de selecionar os trabalhadores com os quais não pretendem contar, não com base no mérito, entrega, abnegação ou qualidade de trabalho, mas unicamente assente em critérios de abaixamento de produtividade ou absentismo, provocado quase exclusivamente por questões familiares e humanitárias.
Este comportamento é diametralmente oposto àquele preconizado e propagandeado nos sucessivos Relatórios e Contas das Instituições de Crédito, quando se consideram empresas que cumprem com as suas responsabilidades sociais, o que claramente não corresponde à realidade, considerando que é da maior e inteira justiça que, caso um Banco tenha real e justificada necessidade de reduzir o quadro de pessoal, e face à prática atual e padrão de trabalhadores selecionados, privilegie as reformas antecipadas, por forma a que os trabalhadores mantenham algum controlo sobre a gestão económica do seu agregado familiar e não percam direitos que obtiveram, fruto da dedicação às respetivas entidades patronais, que se traduz em largos anos a aportarem valor para a sua instituição.
Por fim, o secretariado nacional da UGT salienta o número crescente de trabalhadores bancários que vêm sucumbindo à síndrome de burnout, depressões, ansiedade generalizada, ou ataques de pânico, fruto do contexto laboral onde estão inseridos e que os incapacitam para o trabalho, culminando numa diminuição ou inexistência de produtividade, degradação das relações familiares e da saúde pessoal e do agregado onde se encontram integrados, como pressões para atingirem objetivos pré-definidos, assédio moral, teletrabalho sem ocupação efetiva, downgrade de funções, mobilidade geográfica ou alteração de funções como forma de retaliação, etc..
Deste modo:
O secretariado nacional da UGT e os seus sindicatos do setor filiados exigem o fim imediato das posturas descritas, um recuo nas intenções das reduções de postos de trabalho e ainda o compromisso de um constante diálogo com as estruturas representativas dos trabalhadores, de forma séria e construtiva.
Depois de dezenas de anos a acumular milhões para os banqueiros e acionistas, cabe agora aos trabalhadores responderem pela crise, após uma dedicação de vidas inteiras a contribuir para o enriquecimento de alguns, poucos, com magros tostões a serem dispendidos para mandar para o desemprego quem tanto deu de si a um setor que engordou e fez engordar.
Leia AQUI a Resolução do Secretariado Nacional da UGT na íntegra.