Portugal perdeu 1.620 balcões desde 2011. Por outro lado, a utilização dos serviços de internet banking tem estado estagnada desde 2014. Só um terço da população usa os serviços da banca online.
últimas notícias relativas aos planos de reestruturação da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que pretende fechar mais de 200 balcões nos próximos três anos, levantaram a questão: afinal, e numa altura em que é tão fácil ir ao banco sem sair de casa, os balcões fazem assim tanta falta?
A resposta é simples e linear: sim. Uma comparação entre o número de balcões que existem por todo o país e a utilização dos serviços de internet banking por parte dos clientes permite chegar a esta conclusão de forma relativamente fácil.
Começando pelos balcões. Entre o final de 2011 e o primeiro semestre de 2016, o último período para o qual a Associação Portuguesa de Bancos (APB) tem dados disponíveis, o número de balcões caiu em 1.620, para um total de 4.686.
Evolução do número de balcões em Portugal
desde 2011, Portugal perdeu 1.620 balcões.
Só que, enquanto o número de balcões está a fechar, o número de clientes que recorre a internet banking não está a aumentar. A última edição do estudo Basef Banca, feito pela Marktest, mostra que, entre 2003 e 2013, a percentagem de clientes que usa os serviços do banco através da internet aumentou em mais de 20 pontos percentuais. Contudo, chegando a 2014, a tendência é de estagnação: pouco mais de um terço da população recorre aos serviços de internet banking. Ao todo, no ano passado, 2,5 milhões de clientes usavam os serviços do banco online, o equivalente a 35% dos clientes.
Percentagem de clientes que usam internet banking
É um movimento que pode explicar-se não só com a desconfiança, como com o envelhecimento da população. “Ainda persiste, na população portuguesa, uma certa desconfiança sobre meios eletrónicos de movimentação, principalmente numa questão tão sensível como é o acesso às contas bancárias. Por outro lado, aquilo que se tem passado com a banca nos últimos anos mais reforça este sentimento de desconfiança”, refere ao ECO Nuno Rico, economista da Deco.
“Por outro lado ainda, não nos podemos esquecer que temos uma larga percentagem da população que é mais idosa e que tem dificuldade com a utilização destas novas tecnologias”, acrescenta o economista. Há assim, “cada vez maior dificuldade de acesso aos serviços bancários”, facto que, “muitas vezes, leva a que as pessoas optem pela solução mais fácil, que é guardar o dinheiro em casa”, diz Nuno Rico.
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