Por Pedro Veiga
Tesoureiro do Sindicato dos Bancários do Centro

Um destes dias fui amavelmente convidado a ter o privilégio de contribuir, neste nosso, vosso espaço com o desenhar de umas letras.

Sendo o tema livre de horizontes castradores, o que por um lado é um convite à divagação, por outro lado, torna se conflituoso pelo infinito de tópicos a abordar.

Optei por fechar os olhos perscrutar a alma e escrever sobre a primeira coisa que surgisse.

O Mar… sempre o Mar….

A maioria das pessoas fala do mar em tom de azul tal como Hemingway que descrevia Santiago desta forma “Tudo o que nele existia era velho, com exceção dos olhos que eram azuis da cor do mar, alegres e indomáveis”.

Mas o Mar aqui pelo Oeste não tem o azul caribenho de Hemingway, nem o azul petróleo do Mar jónico, muito menos o tom alaranjado do Mar vermelho.

O Mar aqui no Oeste é esverdeado, por vezes cinzento quando aguarda pela chuva, tornando-se castanho quando a água vai escorrendo e desgastando as arribas avermelhadas.

O Mar aqui no Oeste é bravio e revoltoso, decorado de rendas de espuma branca, quando o Canhão liberta a sua força explosiva sobre a costa.

Nesses dias o cheiro a maresia invade-nos os pulmões e somos salpicados pelo “spray”.

Raramente ele descansa, mas quando acontece, vou embrenhar-me dentro dele, sentindo cada gota salgada percorrendo o meu corpo, descendo vou descansar num leito de areia branca por entre os corais.

Momentos que sendo ínfimos, são intemporais, infinitos, o tempo para e passamos a fazer parte dele, tal como no início.

Quando regresso à superfície é como um renascer, o primeiro folego …….

Este é o meu Mar, cada um terá o seu….

Ele que me acompanha desde o primeiro momento, que me viu crescer, sorrir sentir e onde desejarei terminar. Tal como disse Sofia, furtando as suas palavras "Quando morrer voltarei para buscar os instantes que não vivi junto do mar"