Cinco maiores bancos eliminaram 6703 postos de trabalho entre 2011 e 2016. E não vão ficar por aqui. Só a CGD já anunciou uma redução adicional de 2200 postos de trabalho até 2020 e o BPI prevê 900 dispensas. Em menos de uma década, de 2011 a 2020, o total de empregos eliminados será de quase 10 mil.
Todos os anos o número de trabalhadores na banca em Portugal emagrece. E a tendência não dá sinal de abrandar. A partir deste ano, o processo de reestruturação e capitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) vai significar uma forte redução do emprego no banco público. Até 2020 sairão da CGD 2200 trabalhadores, através de reformas e rescisões por mútuo acordo. Números que se vão somar aos quase 1400 trabalhadores que saíram entre 2011 e 2016.
Sinais dos tempos da crise que obrigou a banca a reestruturações profundas do negócio e que ainda não chegou ao fim. A destruição de emprego na banca em Portugal começou em 2009 (o pico de emprego aconteceu em 2008), na sequência da crise financeira internacional com origem no subprime. Mas, agravou-se com o resgate a Portugal em Abril de 2011. O pacote de ajuda à banca implicava medidas de reestruturação do sector, com destaque para a redução de emprego e balcões.
Segundo a Associação Portuguesa de Bancos (APB), o sector empregava em Portugal (sem considerar as operações internacionais) 57.069 trabalhadores em 2011. Quatro anos volvidos, em 2015 (ainda não há dados agregados do sector para 2016), a redução foi de 9219 bancários. E os números do ano passado dos cinco maiores bancos (Caixa Geral de Depósitos, BCP, Santander Totta, BPI e Novo Banco) somam já mais 1934 trabalhadores. O total, mesmo sem contar com os restantes bancos do sistema, perfaz já 11.153 trabalhadores.
Maiores bancos encolhem 6703 trabalhadores
Os maiores bancos lideraram os cortes entre 2011 e 2016. No ano da chegada da troika empregavam 39.676 trabalhadores. Desde essa altura o número de postos de trabalho caiu a pique. No final de 2016 o emprego nestes bancos estava nos 32.973. Ou seja, menos 6703 pessoas.
A sangria entre os maiores bancos seria ainda mais visível caso o Santander Totta não tivesse adquirido parte substancial da actividade comercial do Banif no final de 2015 – por €150 milhões – ficando com cerca de 1200 trabalhadores do banco fundado por Horácio Roque.
O BCP liderou esta tabela negra, com a saída de 2626 trabalhadores desde 2011, seguido do Novo Banco, com uma redução de 1874 pessoas até Setembro do ano passado (não há dados disponíveis para o final do ano). A CGD eliminou 1396 postos de trabalho e o BPI 1339, prevendo eliminar mais 900 nos próximos três anos. Aumentos só no Santander Totta, fruto da referida aquisição do Banif. Contudo, de 2015 para 2016, o banco liderado por António Vieira Monteiro já reduziu o quadro de pessoal em 262 pessoas.
Agora, a CGD, face aos números anunciados para os próximos anos, deverá ultrapassar o maior banco privado, que já fez nos últimos cinco anos os cortes mais significativos na força de trabalho.
Balcões sempre a fechar
A evolução do número de agências em Portugal acompanhou esta redução nos quadros de pessoal. O conjunto do sector, segundo os dados da APB, perdeu 1388 balcões entre 2011 e 2015 (mais uma vez ainda não há dados agregados do sector para 2016). Se considerarmos os cinco maiores bancos, a redução de 2015 para 2016 foi de 287 balcões em Portugal. A soma vai já em 1675 agências, mesmo sem haver ainda dados para o resto dos bancos do sistema.
Olhando para os cinco maiores, de 2011 a 2016 encerraram 7793 balcões. Quem mais reduziu foi o BCP, com o fecho de 267 agências, seguido do BPI, com 214. A CGD fechou neste período 143 balcões. Mas prepara-se para encerrar muitos mais até 2020. O plano estratégico até 2020, apresentado pela administração liderada por Paulo Macedo prevê o fecho de 181 balcões.
A CGD, dada a sua natureza de banco público, assegura a cobertura do território. Uma missão que a recapitalização e reestruturação põe em causa. Da esquerda à direita as críticas têm sido muitas.
Créditos: Expresso - Isabel Vicente e Sónia M. Lourenço 20 de Março de 2017
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